A viagem de volta foi terrível, passamos, segundo o piloto, por uma zona de tormenta em Lerida, e ficamos mais tempo no ar porque o aeroporto de Barcelona ficou congestionado. Ele disse que TENTOU evitar as turbulências, ao que eu nem me atrevo a imaginar o que teria sido se ele quisesse assustar a galera.
Esse tempo a mais foi interminável, todo mundo queria chegar no chão rápido, mas não tanto quanto aquelas descidas bruscas que faziam o pessoal se segurar fortemente nos braços dos assentos e apertar bem os olhos, como se adiantasse alguma coisa. Eu espiei pela janelinha em vários momentos, mas sempre me arrependi, a coisa estava feia.
Não chegaram a desabar malas nem rolaram pessoas como nos filmes que se passam dentro de aviões, no entanto, assim como em algumas cenas que transmitem o desespero dos passageiros, crianças choraram berrando, senhoras gemeram em coro a cada momento mais crítico, digamos assim, e todos transmitiram sua sensação de alívio ao pousar, com direito a aplausos e até gargalhadas - possivelmente geradas pelo nervosismo.
Vou ter que dividir a viagem Barcelona(A) - Bilbao(B) - San Sebastian(C) - Hendaye(D) - Madrid(E) - Santander(F) em partes.
(Para enxergar as letras é necessário clicar no mapa)

Pelo início então: Bilbao
Fomos preparadas para dias de muito calor, nossas malas estavam (quase) totalmente desprovidas de casacos e roupas quentes. Foi um problema, porque - mais uma vez - com excessão de Madrid, todas as outras cidades nos receberam cheias de vento.
Bilbao é uma graça! As praças são cheias de flores, os parques são muito bonitos e a imensa quantidade de verde está sempre convidando para sentar na grama e fazer um piquenique.
A preocupação com a estética da cidade é bem grande, ao que parece.
O hotel em que ficamos era ótimo, não tivemos experiências tão boas por todos os lugares que passamos. A localização também era muito boa, pertinho de uma das pontes da cidade, que pelo que li, possui várias, que ligam a parte antiga e a parte nova. Essa foi aquela pela qual mais tivemos que passar:
hehe
Achei engraçado o esquema de transportes se chamar Bilbobus.
Bilbao é a capital da província de Biscaia (Biskaia em basco, Vizcaya em castelhano), na comunidade autônoma do País Basco, norte da Espanha. Também fazem parte dessa comunidade algumas regiões bem do sul da França. Assim como aqui na Catalunha, em que o catalão é uma língua própria, lá existe o euskera, que é bem complicada porque não tem origens latinas e, imagino eu, vai desaparecer em breve. As palavras são cheias de K e Z.
Tem um monumento em forma de cachorro, feito de aço inoxidável e revestido de flores, que é um ponto típico da cidade, na entrada do museu Guggenheim de Bilbao. O nome do mascote é Puppy, e tem 12 metros de altura.
Entre as aquisições mais recentes, nos fundos do museu, em frente ao Rio Bilbao (onde fica a ponte), está Mamá (1999), uma aranha de mais de 10 metros de altura feita de bronze, aço e mármore. É uma das três reproduções existentes da obra da francesa Louise Bourgeois. Como diz o nome, trata-se de uma homenagem à maternidade.
E aqui está o museu:
De tempos em tempos, começa a sair, enlouquecidamente, uma fumaça por baixo da ponte, acho que é algum sistema para limpeza da água.
Noivos posando em frente ao museu
Bilbao parece uma típica cidadezinha de interior.
Há um certo ar de tradicionalismo, tudo no lugar, tudo dentro de alguns limites.
Minha mãe ficou absolutamente encantada com a elegância das senhorinhas, super arrumadinhas até para um passeio na praça. Também foi o único lugar em que fomos sempre bem atendidas, as pessoas foram hiper simpáticas e gentis.
De uma forma geral, os vendedores e atendentes aqui pela Espanha são grossos e não estão nem um pouco preocupados em agradar ou satisfazer os clientes. Os tratamentos são horríveis e sem nenhuma delicadeza.
Só para não fugir muito do que é quase uma regra, tivemos uma situação assim em Bilbao: as garçonetes de um restaurante chinês odiaram nossa presença, até porque fomos as primeiras a chegar. Ao mesmo tempo que nosso horário biológico se encaixa ao horário espanhol, às vezes a fome bate no horário brasileiro, o que acaba sendo uma dificuldade quando vamos comer na rua. Ficamos procurando locais para almoçar e todos dizem que só vão abrir daqui a não sei quanto tempo, enfim, é desesperador quando se está faminta. Pedimos o menu do dia, que tinha primeiro, segundo e terceiro prato, bebida e sobremesa. Elas mal deixavam a gente acabar um prato e já vinham nos empurrando outro, quando a mesa mal tinha espaço para mais um copo. Assim fomos comendo apressadamente, sendo pressionadas a acabar logo com a pergunta "POSTRE?", que mal foi servida e já nos trouxeram a conta, sem que ninguém tivesse pedido. Tipo "vão embora logo!"
Deu para achar graça de um atendimento tão ruim, pelo menos.
Ok, mesmo com tanto mau humor, a galera se achava engraçadinha
Deu para entender, né? A imitação da fala dos chinos e tal... Bom, piada não se explica, e acho que a intenção da frase do cardápio era fazer uma.
Ah, podridão nos restaurantes e bares é sinônimo de status. Quanto mais guardanapos, pontas de cigarro e lixo em geral no chão, mais famoso é o lugar, porque é um sinal de que muita gente passou por ali. Eu ainda prefiro a limpeza.
O chocolate quente era delicinha, pelo menos isso.
Eu me apaixonei pelas crianças, para variar. Lá é impressionate a quantidade de vestidos rodados e laçarotes na cabeça das meninas, uma moda que parece não ter passado para eles. Alguns são exagerados, mas alguns são lindinhos.
Estivemos durante bastante tempo sentadas em uma praça onde ocorria a Fiesta de Hirukide, que é a Associação de Famílias Numerosas de Euskadi (http://www.hirukide.com/es/index.php). Muitos irmãos vestidos iguais, gêmeos ou não - que aliás eram vários - e enfim, muita fofura, queria sair apertando todo mundo.
Não resisti, tive que sacar unas (muchas) fotos...
Roupas iguais
Fofurinhas
É muita elegância
Achei lindinho esse gurizinho todo de rosa, o que seria mal visto no Brasil numa criança dessa idade, já que existe a tal divisão sexista de rosa para meninas/azul para meninos. O tênis dele era quadriculado/xadrez de rosinha e branco, um amor.
Esse também, todo no estilo, super se achando
Medo no trenzinho
Ai, coisa linda!
Apesar do tempinho mais ou menos que pegamos, Bilbao é muito bonitinha. O azar não foi nosso, grande parte do ano faz frio. Enquanto nós tremíamos, as pessoas desfilavam de vestidinho e peças do tipo, como se aquela temperatura estivesse elevadíssima.
De lá, continuamos a viagem.