domingo, 15 de novembro de 2009

Porto

Poix beim, minha grandi diversão duranti a viagem foi tentar imitar ux purtuguesex. Com ou seim sucesso, foi u que fix pelax ruax coum mamãi - é claru qui nunca dianti di um purtuguéx purque sei qui naum fica igual i di polémicax já baxta a da Maitê Proença, qui já foi demasiadamenti infelix. O vídeo é antigu, max deu u qui falar.
Si alguém extá pur fora, aí extá o qui ela andou gravandu pur Portugal:

A repercuxão foi imensa, coum miliuma rexpoxtax nu youtube, nox jornaix, etc. Algunx atacaraum u Brasil, devulvendu na meixma moeda. Outrux foram maix categóricux, dizendu qui devi-se ter rexpeitu pur todax ax culturax, ux paísex, qui ux brasileirux são pissoax muitu quiridax i qui conhecim váriox que vivem in Portugal i goxtam muitu. É só dar uma oliada pela internet qui si encontra muitux vídeux i manifextaçõex a essi rexpeitu.

Maitê foi sem noção e logo tentou consertar...

VIAJOU!

Enfim, comecemos: a primeira parada foi a cidade do Porto, onde minha mãe foi apresentar trabalho em um congresso. Chegamos no aeroporto de Lisboa, fomos direto para a estação de trem e lá pegamos um para o nosso destino. A viagem dura três horas. Convenhamos, para um trajeto que praticamente atravessa o país, isso não é nada! Se alguém não está se localizando..

Nosso hotel na cidade era maravilhoso, e nessas horas eu não posso deixar de dar um VIVA AO CAFÉ DA MANHÃ DE HOTEL!! Ainda bem que nos permitimos essas "mordomias" de vez em quando, se fosse todo dia.. adeus preocupação física, olá obesidade!

Uma coisa que nos pareceu bastante curiosa foi a tradição dos trajes acadêmicos. Existe uma espécie de uniforme para os estudantes universitários, que deriva das vestes eclesiásticas, realçando o pioneirismo da Igreja no ensino. O surgimento foi em Coimbra, como forma de distinguir o foro académico das demais classes e ofícios.



No país, o tipo de vestimenta varia um pouco, mas sempre seguindo um certo padrão. Esse é o site de uma loja que fabrica os trajes, e é possível ver a diferença entre eles, de acordo com a região.
Cheguei a entrar no campus de Letras e tinha bastante gente com roupa comum, mas o número de pessoas trajadas também não era dos menores. Parece que a pessoa só tem o direito de usar a capa e etc quando deixa de ser caloura. Quando ainda é bixo, o uso é mais restrito e com alguns "poréns".
O pessoal curte mesmo esse negócio, usam com todo orgulho. Para nós, a coisa estava meio Harry Potter, mas até que pode ser legal, quando se começa a ver aquilo com certa naturalidade. Encontrei um outro site que explica as tradições e normas desse costume. Logo no início, comenta:
"O Traje Académico, além de ser "uniforme" do estudante universitário, simboliza a igualdade entre todos os estudantes. De Capa e Batina, não existem distinções entre pobres e ricos.
Todos são iguais.
A única forma de alguém se evidenciar é através do uso da inteligência, pois de traje não se pode usar enfeites para chamar a atenção.
Estando de Capa e Batina, o estudante é levado a desenvolver mais fortemente a sua personalidade e tornar-se mais sólido."
É extremamente detalhado e tem muita regra quase milimétrica. Segundo o site, muitas foram retiradas de documentos escritos, mas permaneceram na tradição oral. Algumas das mais "hey, como assim?":
  • É proibido o uso de luvas, pulseiras, colares, anéis e outros adornos ou sinais externos de vaidade ou riqueza.
  • É permitido, contudo, o uso de aliança de casamento ou de compromisso.
  • Não é proibido o uso de relógio de pulso, mas este tem de ser clássico, discreto e sem brilhos.
  • Só é permitido o uso de guarda-chuva se este for preto, liso, com cabo de madeira e possuir doze varas.
  • A roupa interior e os bolsos não estão sujeitos a revista.
  • Devem retirar-se todas as etiquetas do traje.
  • A Capa nunca se lava. Lavá-la é apagar e renunciar todas as recordações da vida de estudante. Além disso, “dá azar”, dizem os supersticiosos.
  • A Capa não se deve encontrar a uma distância superior a sete passos do seu proprietário.
  • A Capa pode usar-se dobrada sobre o ombro esquerdo com a gola para trás ou sobre os ombros, com um número de dobras na gola correspondente ao ano frequentado e com os distintivos virados para dentro.
  • Os caloiros devem usar a Capa dobrada no braço esquerdo, sendo-lhes vedado traçá-la, fazer-lhe rasgões ou colocar-lhe emblemas e/ou insígnias pessoais. Contudo, após o cair da noite, devem colocá-la sobre os ombros e segurá-la junto ao colarinho de modo a que não se veja o branco da camisa.
  • Podem colocar-se emblemas e insígnias pessoais na Capa na parte interior esquerda. Estes devem ser cosidos manualmente com linha preta em ponto cruz e esta não deve passar para o lado exterior da capa.
  • Não se espeta metal na Capa.
  • A soma dos emblemas da Capa tem de ser ímpar.
  • Podem fazer-se rasgões na capa, cada um simbolizando um momento importante da vida do estudante. Todos os rasgões devem ser feitos com os dentes.
  • Só em ocasiões muito especiais é que se colocam as capas estendidas no chão para que o homenageado possa passar por cima delas. Esta é a maior homenagem académica que se pode fazer a alguém.
  • Em cerimónias especiais: em situação de dança, e por uma questão de mera comodidade, poder-se-á dançar sem Capa, se a dama assim o permitir.

Quanto rigor!

A experiência que tivemos com o transporte público foi meio caos, mas a verdade é que fizemos muita coisa a pé e as idas e voltas até a estação de trem foram de táxi - que foi baratíssimo, por sinal.

Os famosos azulejos estão por toda parte, é claro. Os dessas fotos ainda não são os tradicionais, mas..


Torre dos Clérigos, iniciada em 1754 e sendo, na época, o edifício mais alto de Portugal, com seis andares e 75m de altura.
 

Braaaaaaasil-sil-sil-sil

Alguém se lembra dos "bonequinhos" do Museu Reina Sofia, em Madrid? Esses estavam numa praça no Porto, e se o artista não for o mesmo, um imitou o outro. São muito parecidos!





Uma coisa engraçada é que vários estabelecimentos levam o nome de alguém mais importante - imagino eu - no empreendimento, e logo o parentesco de um possível sócio, ajudante, ou derivado, deixando a pessoa em questão totalmene em segundo plano. Vi por lá Simões & Sobrinho, António & Filhos, e assim por diante. Outro exemplo é a Livraria Chardron, também conhecida como Livraria Lello & irmão.

Ela foi considerada a terceira mais bonita do mundo, em 2008. Perguntamos para um funcionário se podia tirar fotos e a resposta, como costuma ser nesses casos, foi negativa.  Um diferencial é que ele foi super hiper simpático - como todos os portugueses que encontramos, aliás.
De qualquer forma, aqui se pode ver um pouquinho do espaço.

Realmente me diverti com algumas "peculiaridades" do idioma, que ao mesmo tempo que é o nosso... não preciso continuar, né?
Chiclete? Pastilha elástica!
"Tia, tem uma moedinha?"? O pedido ganha ar de formalidade com o bordão "Tenha a bondade de me auxiliar", pronunciado de forma ritmada e até musical, quando se acompanha a frase com o barulho das moedas no potinho e a bengala (já que a maoria dessas pessoas era cega) batendo no chão. Pode-se ainda ouvir a frase com um complemento: "Tenha a bondade de me auxiliar com a sua esmola"
Os catarinenses não negam suas heranças de colonização açoriana: o sotaque se assemelha, mas o ritmo da fala é idêntico!
Minha mãe achou o máximo ser tratada por "menina" em qualquer lugar que passávamos, hehe.
Nosso amigo da Lello disse que tínhamos que "decher" a rua até a estação de metrô. E lembrando dessa ocasião, é com imenso pesar que comunico minha não ida a Matosinhos, cidade que fica a um pulinho do Porto e que estava nos meus planos visitar para conhecer a casa da minha adorada Florbela Espanca. Não rolou, no dia em que programamos esse deslocamento acabamos enroladas, ficou tarde e o novo cronograma substituiu esse passeio por andanças no comércio e, consequentemente, acúmulo de sacolas, hehe.
Minha despedida preferida é o contraditório "beijinho grande".

Rua dos Clérigos



No Porto, em Lisboa ou em Sintra: as ladeiras estão sempre presentes. Só alegria!


A Rua da Praia portuguesa, hehe


Café Majestic, ponto tradicional e histórico da cidade




No quesito simpatia, repito: portugueses entraram para minha listinha de povo do bem! Bom humor, educação, paciência, atenção, gentileza... Motoristas de ônibus aqui em Barcelona, por exemplo, armam barracos gigantescos com passageiros por bobagens. Exemplifico: outro dia um casal apertou o botãozinho para descer na parada seguinte, mas por algum motivo, o aviso sonoro não tocou para o motorista. O casal pediu para descer, dizendo que tinham apertado, e ele foi extremamente grosseiro, disse que eles eram uns mentirosos, que se fossem honestos e dissessem que tinham esquecido ele pararia naquele exato momento para que eles pudessem descer, mas que mentira ele não suportava, que isso era coisa de gente sem caráter e por aí foi... O casal na porta traseira, e o mal-humoradinho gritando, chamando a atenção - é claro - do ônibus inteiro. Se um turista não entende de primeira como validar o tíquete (tudo bem que é facílimo, mas...), eles já se estressam, alteram o tom de voz, enfim, assutam, principalmente quando alguém está tendo uma primeira impressão.
Em Portugal todos foram amabilíssimos - até no ônibus, que foi a tal experiência caos (mas por culpa da lotação, que era tremenda, sufocante, calorenta, e porque estávamos rodeadas de pessoas sem desodorante)!
Em uma loja, em especial, pensei em voltar e comprar uma coisinha só pelo tratamento da vendedora! Tínhamos olhado mil coisas e no fim, sem ter comprado nada, perguntamos sobre como chegar em determinado local. A querida nos levou até a porta, apontou o caminho, explicou sobre os transportes para nosso destino, deu dicas do que achava mais interessante, detalhou tudo o que pôde e nem se abalou por não ter vendido nada. Realmente íamos retornar, mas a verdade é que a nossa volta a loja já tinha fechado.
Carisma de um lado, tara de outro. Olhares que despertam vontade de se cobrir com alguma coisa, ainda que já se esteja bem coberta.
Não preciso dizer que a comunidade brasileira em Portugal ganhou a de Paris, que já era imensa - apesar de muitos conterrâneos estarem lá a turismo, aparentemente.

Para não me atrasar ainda mais nas notícias, limitarei essa atualização ao Porto. Encerro por aqui e da próxima comento Lisboa e mais algumas impressões.

Beijinho grande!