segunda-feira, 31 de agosto de 2009

E já acabou agosto...

Ficar sozinha = freezer cheio

Sempre me virei muito bem, hehe.
Na última semana recebi a visita da Nalú e do Zé (os amigos brasileiros que estão morando em Paris). Eles ficaram pouquinho tempo mas aproveitaram. E fizeram a festa na Desigual, os dois! (Essa é a loja com preços um tanto quanto exorbitantes que sou/somos fã/s)
Dada, morramos de inveja.
  
Na quinta foi meu último dia de aula, então quarta teve despedida. Minha colega polaca nos ensinou a brindar em muitos idiomas. Eu tentei repetir as palavras na hora, mas não decorei, afinal chocamos os copos em português, espanhol, catalão, inglês, francês, italiano, alemão, polaco, húngaro, búlgaro e talvez mais alguma que eu não me lembre agora. 

Minha veia dilatada (em alguns ângulos) sempre presente!
  

Aprendendo polaco
 
Esses dias comentei sobre o lamentável cartaz chamando para o show do Bruno & Marrone aqui.
Uma colega brasileira que tive naquele curso de documental experimental disse que nunca olha os anúncios nas ruas, coisa que eu faço sempre. Foi assim que as gurias descobriram que o Stomp viria para cá, que eu me informei sobre a noite dos museus, sobre as Portas Abertas na Sagrada Família e, agora, para meu enorme contentamento:
   
 
Fiquei louca! Se alguém não conhece, aí está Sara Baras, numa cena de Ibéria, do Saura. 
  
 
Avisei a galera aqui de casa e já comprei os nossos ingressos!
Estou ansiosa, mas antes do espetáculo ainda temos uma passadinha por Londres! Ô vida...
    
Ah, não sou fã das animações, mas esses dias, entre uma aula e outra, assisti Up! e gostei mesmo. Quer dizer, a parte realmente infantil da coisa - que é de aventura e tudo mais - não faz muito meu tipo. Agora, logo no início, quéissss, é muito triste! Lindinho e comovente - para mim, claro. Cada um, cada um. 
Acho que são quase uns cinco minutos só de ceninhas meigas e de acontecimentos na vida de um casal que envelhece juntos sem UMA fala sequer, só com uma música instrumental de fundo. Devo admitir que quase chorei.
E as crianças bem quietinhas entendo tudo! E olha que a minha sessão estava lotada de gritões e chorões.
   
 
E outra: morri de rir com a dublagem espanhola porque reconheço as gírias das crianças e das pessoas e penso "Baaah, é bem assim!"
Natural, mas como não é minha língua mãe fico reparando mais.
Em resumo, um amor!
 
Como eu comentei, está anoitecendo um pouquinho mais cedo e amanhecendo bem tarde.
Acho que por agora a cidade deve voltar a abrir.  É tempo de férias e de placas "Cerrados por vacaciones hasta..."
Bom, os turistas estão sempre aqui, mas muitos dos espanhóis somem.
E como setembro é início das atividades...
    
O tempo está passando muito rápido! Só eu estou com essa impressão?

domingo, 30 de agosto de 2009

Festa Major de Gràcia

De 15 a 21 de agosto aconteceu, aqui em Barcelona, a Festa Major de Gràcia, uma festa local artística planejada por meses pelos moradores do bairro de Gràcia (que por sinal é o meu, apesar de não ser no meio desse fervo todo).
Durante o dia, os eventos são realizados nas praças e ruas de Gràcia, que são totalmente enfeitadas e concorrem às premiações pela decoração mais bonita (há também uma categoria para sacadas).
Dentre as atrações, as famosas torres humanas.
O folclore catalão também é demonstrado por performistas que se vestem de gigantes e de demônios.
Enquanto o sol ainda se mostra, muita gente sai com os mapinhas que indicam as ruas decoradas em busca das mesmas.
Eu tinha escutado que não poderia perder, de jeito nenhum, essa programação.
Não estava muito animada, fui me enrolando e acabei indo no último dia.
Saí de casa pela tarde, fiz verdadeiros percusos labirínticos, indo, voltando, dobrando, descendo e chegando ao mesmo lugar. Tirei umas fotos, reconheci brasileiros tocando umas capoeiras demasiadamente melancólicas, com 95% de chance de deixar chegar a nostalgia, participei de uma oficina na biblioteca TODA EM CATALÃO AEEEE QUE ALEGRIIIIA, descansei numa praça que ainda não tinha dado valor (Plaça del Sol) e fui ficando...

Carrer de Verdi

Carrer de la Providència

Carrer de la Perla

Plaça de Rovira i Trias

Carrer de Joan Blanques de Baix

Carrer de Joan Blanques de Dalt

Carrer de la Fraternitat

À noite a coisa muda de figura e fica bem mais interessante.
Quero dizer, pela tarde é agradável caminhar por ali para ir sentindo o clima do lugar (¡a mi me encanta Gràcia!), ficar olhando a decoração... Porque, sério, apesar de ter uma ou outra rua mais amadora e com temas mais cafonas, a maioria se puxa! Fico pensando nas pessoas que se dedicam de verdade ao longo do ano, projetando, idealizando e acumulando matária-prima, já que, em geral, os enfeites são feitos com material reciclado. Eu sei que às vezes existe um preconceito por saírem umas coisinhas meio mal-acabadas, mas lá precisei analisar com mais atenção certos pontos para entender do que tinham sido feitos.
  
A festa não tem nenhum interesse em ser turística. Por ser super tradicional, não existe a mínima questão de que os cartazes e etc estejam traduzidos, é tudo em catalão e fim de papo.
Ainda assim, as festividades atraem espanholes y catalanes - porque muitos fazem essa distinção - e turistas y residentes (esse último, grupo no qual eu estou melhor inserida, hihi).
Música ao vivo, dança, shows, artistas de rua, fogos de artifício...
Calor desgraçado e MUITA gente. Como por ali é tudo super estreito, alguns trechos ficam intransitáveis. A Verdi foi o maior exemplo de inúmeras pessoas por metro quadrado.

Carrer del Progrés
Carrer de la Llibertat

No encerramento tem  fogos de artifício daqueles que a pessoa fica girando um barbante ou sei lá o quê e espalhando as faíscas.
Fica a minha reclamação: esses caras são muito do mal e o que espalham mesmo é o terror. Assim: nessa rua onde eu estava tem uma espécie de banco/muro baixo em que muita gente (me incluo) subiu para assistir o que estava passando. Antes era um pessoal tocando uns tambores. Eu, muito ingênua, ainda não sabia o que estava por vir. Comecei a me dar conta quando percebi que só eu estava me assustando com barulhos ensurdecedores que se aproximavam, y a la gente les dava igual.
O que acontece é que quando os encapuzados chegam, mais da metade dos empuleirados desce correndo (fui uma das primeiras) e se afasta, só que os sacanas SEGUEM(!!!) a galera, e ainda dando risadinha.
    
O tempo de gravação é curto porque eu estava apavorada e em alerta para sair correndo, por si las moscas (= expressa hipótese)...
[Rayssa é cultura]

Eles só tiveram UM POUCO de respeito com as crianças, então me abriguei no parquinho em um ato desesperado, porque já tinha queimado as costas com um idiota que veio em minha direção. Não tive maiores problemas, mas que queimou, queimou.

Eu ia ficar pouco tempo e, no fim, só voltei ao lar lá pelas 2h, o que considero um grande recorde por estar sem companhia. Parava em alguma atração, escutava um showzinho, virava uma esquina, dava dois passos e, derretendo, resolvia tentar passar pela rua paralela. Mais de uma vez me dei uma última palavra de "ok, agora estou indo". Durava no máximo duas quadras, me distraía e parava de novo.
Em uma rua estava rolando tipo uma baladzzz, mesmo os que estavam só de passagem dali para alguma outra acabavam dedicando uns minutos às músicas e às coreografias (Y.M.C.A, Summer Nights, etc)
Fiquei só na observação e morri de rir!
Andei tentado ser objetiva uma última vez (casa casa casa) e fui surpreendida por brasileiros com uma coisa meio bateria de escola de samba/Olodum.
Achei impressionante a alegria do público e hilárias as tentativas de sambar.

  
Não me contive. Estava muito bom mesmo, fiquei ali até eles pararem e aí sim, tomei meu rumo.
Eu, a pé. De madrugada. Sozinha e sem morrer de medo. Quando eu poderia imaginar?
   
Ps: consegui voltar a justificar o corpo do texto, isso me deixa tremendamente aliviada!
E ah, como o blog estava demorando demais para carregar devido à quantidade de fotos, mudei a configuração para que apareçam 7 postagens por vez na página - antes aparecia desde a primeira. Só para que ninguém pense "nossa, como minha internet ficou rápida!"
Rayssinha facilitando a vida de todos (certo, pai?)